viernes, 14 de septiembre de 2012

PSICODELIC SNAKE - expo Arte. Rafo Díaz




 ORAÇÃO

Ilimitadas e imortais, 
                                    as cobras 
são o princípio e o fim de todas as coisas da terra. 
Músculos de deus ou do diabo, 
        consoante se aninhem no coração ou na mente, 
é negro e bífido o seu relâmpago.
             Ao seu coleante aceno o vento 
                                      eriça-se.
Conhecia as cobras de mel, 
que no Peru vão dormir no oco das flautas,
           mas as que se dissimulam nas fibras, 
           nos padrões das capulanas,
acordam um metal na voz.
E fica mudo aquele que as vê deslizar dos tecidos 
          para o meio das letras, 
sentindo que lhe cosem no olhar diamantes tão frios 
                                         que só sobra uma pergunta: 
              quem escamou o sol?
É com estas cobras que o Rafo Diaz nos encadeia, 
e, se por duas vezes seguidas elas nos fixam, 
                                       como imagens mortas 
se desprende a nossa pele.
Só então os olhos do meu espírito 
circundam na tua boca os Seus favos de silêncio.

ANTONIO CABRITA


 Esta exibição não teria sido possível sem a música de: “Paper Thick Walls”, “Tv on the radio”, “The Naked and Famous”, “Glasvegas”, “Antony & the Jhonsons”, “Belle & Sebastian”, “Rihanna”, “The Ting Tings”, “Macaco”, “Black eyed Peas”, “Portugal. The man”, “All Mankind”, “The Strokes”, “Alex Metric”, “Bloco Bleque”, “Givers”, “Architecture In Helsinki”, “Tricky”, “Nick Cave & the Bad Seeds”, “CSS”, “Rock Mafia”, “The Japanese Popstars”, “Jose Mucavele”, “Liza James”.


 Eu sou uma pessoa que dorme pouco mas quando consigo dormir, facilmente deixo-me levar pelo mundo onírico e também aqueles dos pesadelos. Nesses sonhos e pesadelos, as cobras tem estado sempre presentes, além dos muitos familiares que já morreram pela mordedura de cobras no amazonas peruano. Acredito que a savana africana não esta afastado desse mundo particular de onde eu venho, e… esta cheia de serpentes: Nyocas, cobras, pitões, mambas e jibóias.



A razão mais importante para eu pintar estas serpentes, é a minha fascinação com o seu significado e simbolismo na antiguidade, também na relação que elas têm com o mundo espiritual dos Xamãs e a medicina tradicional. Nas pesquisas do Antropólogo Francês Jeremy Narby, ele encontrou que as serpentes, no contexto Xamânico, tem uma interessante relação com o ADN humano*.
* “A Serpente Cósmica” O ADN e as origens do saber.

O curioso é que visitando uma página da internet com temática académica, encontrei esta notícia: “Uma curiosa forma de serpente tem sido detectada nas células das diferentes espécies na árvore evolutiva. Agora, os científicos de Oxford têm demonstrado que elas existem nas células humanas”.
Pois, se calhar podem procurar a notícia na internet.


“Maningue kanimambu para: Mónica e os nossos filhos pelo apoio e por suportar a minha ausência nestes últimos meses. A senhora Alda Costa Directora Cultural da UEM, á Matilde Muocha e o pessoal da Fortaleza, a senhora Dina Trigo de Mira Directora da Escola Portuguesa de Moçambique, a Teresa Noronha pelo apoio constante, a António Cabrita pela amizade e pelo delirante texto, a Coco, Luis, Maya e Camilo pelas flores de origami, a Mara pelas luzes psicodélicas, a Paco por fazer “psicodelic party shopping” em Nova Iorque, a Susan pela ajuda e o entusiasmo, a Sophye, Vania, Lucia, Antonio, Enoque, Gilberto, e Dj Leo, por deixar-se hipnotizar pela cobra da agua da Zambézia, a Álvaro pela música psicodélica, a Kathleen pelo apoio de sempre, a Lourenço de Rosario pelo seu interessante livro sobre a Narrativa Africana de Expressão Oral, a Gildo pelas conexões eléctricas,  aos meus pais que estão longe mas sempre perto…”