miércoles, 6 de julio de 2011

JIBOIA GIGANTE EXPO ARTE




Nyoca.

As Jibóias Gigantes têm estado presente em muitas culturas da antiguidade, sempre rodeadas de misticismo e superstição. Os druidas celtas, os egípcios, os persas, os índios orientais, os asiáticos, os mongóis, algumas tribos da Polinésia, e os indígenas americanos, consideraram a Jibóia Gigante como símbolo da sabedoria, da saúde, da sexualidade, da vida e da ressurreição.



Yacumama.

A Jibóia é um animal que aparece e desaparece, que muda de pele na primavera e que renasce depois de um longo inverno de frio e de morte. Se está enroscada, formando um círculo, representa o símbolo solar, a fonte da vida e o poder, o senhor do universo. Se morde a sua cauda, significa união eterna, ainda que mora na terra, é também o senhor das águas, e desliza-se com o movimento de uma onda, ou ascende pelos ramos das árvores pendurando-se neles como uma fruta mortal.


Sucuri-malhada.

Mas, para além de estar inspirado em múltiplas ocasiões por lendas e mitos populares, algumas espécies de serpentes podem atingir umas dimensões verdadeiramente descomunais. Na actualidade continuam existindo testemunhos de aldeias inteiras nas amazonas, que falam do aparecimento de serpentes gigantes. No ano 1947 o Jornal A Época, do Brasil, publicou uma foto do que seria a carcaça de uma Anaconda que teria uns 20 metros de comprimento. Foi nomeada o Titanus gigantus. Sem ter de ir mais longe, há uns anos, numa aldeia perto da cidade onde nasci, umas 200 pessoas afirmaram ter visto, uma Sachamama ou “Serpente Gigante” de 40 metros.


Sucuri-amarela.

Eu, das serpentes grandes, não só tenho admiração por todo o misticismo e mistério que as rodeia, como também, pelo gosto dos padrões, dos desenhos das suas peles. Estas marcas, de cores e formas extraordinárias, levaram-me a descobrir e a ter uma visão diferente da minha própria arte, levando-me a mudar o estilo das minhas criações, e a uma reflexão profunda sobre as minhas propostas artísticas, razoes pelas quais, eu pessoalmente sinto imensa gratidão pelas serpentes gigantes.


Sanajeh indicus.


Jiboía moçambicana.


A jiboía e a lua.


Anfisbena.


Anacondas.

Resposta Coreográfica a Exposição “Jiboia Gigante” de Rafo Díaz

Este trabalho pretende ser, uma prolongação da obra visual do Rafo Díaz. Inspirados nas linhas ondulantes, simétricas, nas intermináveis espirais; nas cores intensas que nos levam a tempos e espaços remotos, as marcas que deixam as suas obras quando fechamos os olhos qual reverberação de um murmúrio ondulante. Tudo isto nos faz ser cúmplice da sua obra, de esse fascínio pelas jiboias, animais ancestrais, que vagam pelo mundo.



Rodeadas de misticismo e superstição representantes de deidades até alegorias para o mundo que nos devora até arrebatar nos o amor assim som elas belas e poderosas, sensuais e mordazes.



Se bem que a jiboia muda de pele na primavera o dançarino muda cada vez que encarna uma personagem. Cada dançarino uma entidade e em colectivo uma unidade.



Coreografia: Yula Cisneros Montoya

Música: Silvio Rodríguez

Dançarinos: Membros do Programa de Apoio À Dança, PAD

Ademar Chaúque
Adriana Jamisse
Atalia Massinga
Cheto Binda
Elisângela Rassul
Elísio Chindia
José Zanlia
Mariana Miguel
Odete Dabula







PROGRAMA DE APOIO À DANÇA

Um programa de apoio à dança com auspícios do governo do Reino da Noruega através do programa MoNo. O Programa de Apoio À Dança, PAD, tem como objectivo capacitar profissionalmente aos participantes através de seminários (doze horas por semana) em técnicas de dança, performance e pedagogia ao longo do ano 2011 acolhidos no Centro Cultural Ntsindya. Os cursos são desenhados para estimular a capacidade física e intelectual dos participantes, para que eles possam incorporar e disseminar os conhecimentos e habilidades adquiridos nos seminários nas comunidades dancísticas as que pertencem. Os seminários trabalharão no sentido de preparar mais dançarinos moçambicanos para que possam entrar e completar educação superior em dança. O futuro da dança em Moçambique depende na criação de indivíduos melhor educados que possam navegar o extremamente competitivo mundo das artes cénicas.

Diretora do Programa: Yula Cisneros Montoya (yucisballet@yahoo.com)

Na sombra do Embondeiro.

Fotos: cena loca. (Emilio)









NA SOMBRA DO EMBONDEIRO



O projecto contempla a criação e adaptação de poemas e contos, musicalizados com instrumentos tradicionais e modernos। Instrumentos tradicionais como a mbira, o xitende, a xigovia, a marimba, o batuke, junto aos ritmos da bateria, o baixo eléctrico, a trompete, as violas e o violino। Os contos eleitos foram:

- “Os espíritos sagrados e o baobab” (conto popular adaptado para meu livro, ainda inédito “O coração apaixonado do Embondeiro” e que será publicado proximamente pela Escola Portuguesa de Maputo).

- “A lebre e os espíritos sagrados” (Conto popular africano).

- “O casamento da filha do leão” (Adaptação de uma historia publicada no libro “O conto Mocambicano, da oralidade a escrita” de Lourenço de Rosario, 2ª edição).

- “O mar de Maputo” (Conto popular adaptado para meu livro e editado pela Embaixada de Espanha em Maputo).

Os contos e poemas que preparei com motivo do espectáculo, e que foram inspirados nas canções de Luka Mukhavele são:

- Angelina. (Conto curto, inspirado na história de um chefe tribal da província de Gaza)

- Kufa Kuetlela.
(Poema inspirado numa frase popular do sul de Moçambique que tem, o significado “Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje”

- Jigijaga. (Poema, sobre a escravatura em África, que ainda não termina e continua sendo um grave problema).

- Ndhuma. (Conto curto que narra a relação entre os pastores e os seus chefes nos campos e montanhas).

- Hondo. (Poema; as guerras em África não se acabam, interesses diversos, novas estratégias de colonização e de abusos).